Erickson Luna(1958-2007) é poeta,
nasceu no Recife em 1958. Morou por muito tempo no Bairro de Santo Amaro das
Salinas, comunidade de formação operária, palco de resistência e luta contra a
opressão. Seus poemas são disputados pelos fanzines, circulando pela cidade. Faleceu
no dia 18/04/07 na Cidade do Recife.
Lançou o livro: Do Moço e do
Bêbado que foi recebido e festejado por todos, sendo um dos eventos culturais
mais concorridos do ano de 2004
Fonte: biografia ( interpoética)
Poemas (Coletânea Poética Marginal Recife I)
Epitáfio para um burocrata
Erickson Luna
Faz da gravata
A forca
A fina veste
É tua mortalha
E teu birô
O teu esquife
A forca
A fina veste
É tua mortalha
E teu birô
O teu esquife
Do gabinete ao túmulo
Vade retro burocrata!
Vade retro burocrata!
Claros desígnios
Erickson Luna
Os vícios tragam-me depressa
À parte a rebeldia que me torna em jovem
À parte a rebeldia que me torna em jovem
Claros são os meus desígnios
É-me incontida a busca dos momentos
Ao passo que me são estranhas
As vocações que emergem desses tempos
É-me incontida a busca dos momentos
Ao passo que me são estranhas
As vocações que emergem desses tempos
Diuturnos rituais à impotência
As existências curvam-se às idades
E se acrescenta à ancestral obediência
A iminência de também ser ancestral
As existências curvam-se às idades
E se acrescenta à ancestral obediência
A iminência de também ser ancestral
A tal sorte a mim me cabe lamentar o
pouco-a-pouco
pouco-a-pouco
A morte tarda dos longevos
Sorrir da vida e a que ela se presta
Tão mais intenso quanto perto o fim
Sorrir da vida e a que ela se presta
Tão mais intenso quanto perto o fim
Os vícios tragam-me depressa
À parte a rebeldia que me torna em jovem
À parte a rebeldia que me torna em jovem
Canto de amor e lama
Erickson Luna
Choveu
E há lama em Santo Amaro
Nas ruas
Nas casas
Vós contornais
Eu não
A mim a lama não suja
Em mim há lama não suja
Eu sou a lama das chuvas
Que caem em Santo Amaro
E há lama em Santo Amaro
Nas ruas
Nas casas
Vós contornais
Eu não
A mim a lama não suja
Em mim há lama não suja
Eu sou a lama das chuvas
Que caem em Santo Amaro
Vosso Scotch
Pode me sujar por dentro
Cachaça não
Vosso perfume
Pode me sujar por fora
Suor nunca
Porque sou suor
A cachaça e a lama
Das chuvas que caem
Em Santo Amaro das Salinas
Pode me sujar por dentro
Cachaça não
Vosso perfume
Pode me sujar por fora
Suor nunca
Porque sou suor
A cachaça e a lama
Das chuvas que caem
Em Santo Amaro das Salinas
Mariposa
Erickson Luna
Pra eu poder
E só
Andar nas ruas
Fez-se em volta uma cidade
E só
Andar nas ruas
Fez-se em volta uma cidade
Para se dar
Mais colorido à noite
Pôs-se acima os luminosos
Mais colorido à noite
Pôs-se acima os luminosos
E pra que eu
Me sinta bem enfim
Nesta cidade
Há-se em mim um cidadão
Me sinta bem enfim
Nesta cidade
Há-se em mim um cidadão
Portanto livre
Como o que é em noite
E que enche as ruas
Perseguindo luzes
Acordado
Ainda que em sonhos
Íntegro
Ainda que meio-homem
Plenamente meio
Mariposa
Como o que é em noite
E que enche as ruas
Perseguindo luzes
Acordado
Ainda que em sonhos
Íntegro
Ainda que meio-homem
Plenamente meio
Mariposa
Ecce homo
Erickson Luna
Saiam da minha frente
Matem-se
Morram-se
Deixem livre
O meu campo de visão
Matem-se
Morram-se
Deixem livre
O meu campo de visão
Me entristece conceber
A semelhança que nos une na semente
Quem é que pode
Ser feliz se vendo gente?
A semelhança que nos une na semente
Quem é que pode
Ser feliz se vendo gente?
Portanto
Saiam da minha frente
Saiam da minha frente
Uma presença
Erickson Luna
Vez por outra uma presença
Me confunde a solidão
Menos espero
E muito mais me vejo só
Me confunde a solidão
Menos espero
E muito mais me vejo só
Não ter do que ter saudade
Me deprime e reanima
Se me constrange
Também não me tira a calma
Me deprime e reanima
Se me constrange
Também não me tira a calma
Além da dor que me embriaga
A lucidez
Resiste ao dia, a esta cidade
E a vocês
A lucidez
Resiste ao dia, a esta cidade
E a vocês
mE LEMBRO MUITO BEM DELE,COMO ALGUÉM MUITO LIVRE.., um poeta..
ResponderExcluirLuna era "o traficante da liberdade."
ResponderExcluirGrande poeta popular tive oportunidade conhecer pessoalmente, em bar na sete setembro no Recife.
ResponderExcluirMestre Erickson as ruas são tão belas e a gente ri ....
ResponderExcluirA luna
ResponderExcluirSempre presente
Somos livres como
Girassois de Van Gogh
Pense alem desse plano.
Os libertarios nao morrem.
Autor desconhecido
A luna
ResponderExcluirSempre presente
Somos livres como
Girassois de Van Gogh
Pense alem desse plano.
Os libertarios nao morrem.
Autor desconhecido
A luna
ResponderExcluirSempre presente
Somos livres como
Girassois de Van Gogh
Pense alem desse plano.
Os libertarios nao morrem.
Autor desconhecido
Grande poeta, amigo e ser humano.
ResponderExcluirViva Erickson Luna!
Eterno Poeta!
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