Allan Sales




Músico, Compositor e poeta. Natural do Crato-CE e radicado no Recife desde 1969. Dedica-se à música popular e à literatura de cordel e promove eventos poéticos musicais ecléticos na cidade do Recife. Também se dedica ao ensino de violão popular, sendo compositor de música instrumental em violão e viola sertaneja.   




"Um doidim compositor
Formação tem: musical
Mas o Sales não copia
Sales é original
Libertário: não facista
E nem gigolô copista
Da cultura ancestral"
           
           Allan Sales

                      



Como é que Freud explica?
Allan Sales

                  I
Sigmund era um judeu
Que causou foi rebuliço
Todo mundo sabe disso
Como isso aconteceu
Karl Jung o sucedeu
Teve até disparidade
No reinar da vaidade
A verdade morre e fica
Como é que Freud explica
Essa tosca Humanidade


                  II
Edipianamente
Falou Freud dando estalo
Da inveja de ter falo
Disse ele simplesmente
Nos recônditos da mente
Desde nossa tenra idade
Qual mosquito que nos pica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                  III
Ele assim analisou
Nossos traumas de infância
Escreveu com relevância
A igreja se arretou
Como Darwin ele ficou
Santa Sé temeridade
Pois cristão quer santidade
Freud não se santifica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade

                     
                      IV
Como pode seu doutor
Explicar nossa loucura
Ser humano que procura
Ter carinho afeto amor
Nossa alma tanta dor
Nossa triste realidade
Dr. Freud diz verdade
Muito bem se comunica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                  V
Vou sentar neste divã
E vou ser analisado
Pelo Freud destrinchado
Nesta vida louca e vã
Sigmund com afã
Foi pra universidade
Em Viena tal cidade
Repressora e muito rica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                 VI
Sigmund pesquisou
Hoje bem compreendido
Freudiano e entendido
Escreveu nos clareou
Tudo que nos explicou
Com total diversidade
Dr. Freud meu “cumpade”
Tudo nos desmistifica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                 VII
Freudianamente vamos
Festejar seu Sigmund
Que botou no mapa-mundi
Tudo isso que estudamos
Dr. Freud festejamos
Sua genialidade
Versejando com vontade
E sem castração pudica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                 VIII
Pois falou da fase anal
Nosso desenvolvimento
E depois de um tal momento
De uma tal de fase oral
Do prazer sexual
Repressão e identidade
A neurose e a insanidade
Muita gente fez futrica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                 XI
Meu doutor tão europeu
No passado fez história
No presente tendo glória
No passado concebeu
O futuro conheceu
Pode ver com claridade
Nossa personalidade
Como ela modifica
Como é que Freud explica
Essa tosca humanidade


                 X
E assim falicamente
Detonando as repressões
Ver na mente as razões
Que perturbam tanta gente
Dr. Freud viu na frente
E com grande intensidade
Nos mostrou a claridade
Como é que Freud explica
Essa tosca Humanidade.





Saravá Millôr Fernandes
Allan Sales

Já dizia o Millôr grande sujeito
Que na vida mostrou tanta cultura
Que seu livre pensar é só pensar
Pois Millôr pensador na forma pura
E assim que deitou filosofia
Quando mando alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura


Ao dizer o que disse um cabra certo
O Millôr foi além do que ele viu
Escreveu muito bem depois partiu
Nunca mais vamos ter Millôr por perto
O Brasil que mostrou num rumo incerto
No Pasquim escreveu em noite escura
Num Brasil de opressão e de tortura
Pra dizer seu Millôr com picardia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

O pensar relativo dos humanos
Reclamando na vida seus direitos
Somos nós uns primatas com defeitos
Somos nós uns macacos desumanos
Todos nós temos genes de tiranos
E em nós há uma coisa obscura
Que na hora da crise ela procura
Vem sair e na lata se anuncia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

Somos nós de nascença bons mandões
Uns primatas escrotos egoístas
Muitos são bem carolas e fascistas
Outros são mentirosos e poltrões
Todos nós somos como gaviões
A caçar os irmãos e com loucura
Seduzir e oprimir mas com candura
Exercer seu poder com hipocrisia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

Mas mandar todos gostam de exercer
um poder de dizer como se faz
Isso pode no fim findar com paz
Só no jogo bem podre do poder
Que assim a coisa faz ferver
Pois poder é uma forma de usura
Mais escrota nojenta e obscura
Que se tem por aqui em toda via
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura






Mágoas
Allan Sales


Tentei mágoas afogar
Com cachaça vinho e tais
E assim enchendo a cara
Tentei mágoas afogar
Embebi doses a mais
Hoje sóbrio bebo águas
Não se pode afogar mágoas






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